quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Imigrantes não são mais criminosos que os nacionais

Imigrantes não são mais criminosos

Uma investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Maria João Guia, estudou as relações entre imigração e criminalidade e concluiu que "os estrangeiros não são mais criminosos do que os portugueses". Maria João Guia afirmou que "os imigrantes não são mais criminosos do que antes, nem cometem mais crimes do que os portugueses, apesar de haver diferença nas proporções dos grupos".
No passado dia 10 de Outubro, a investigadora do CES defendeu a sua dissertação de mestrado, intitulada "Imigração e criminalidade - caleidoscópio de imigrantes reclusos", um trabalho que realizou sob orientação da professora Maria Ioannis Baganha, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. "Existem factos em comum entre determinadas nacionalidades e determinadas condenações", verificou, frisando, no entanto, que "também os imigrantes contribuem para o avanço da economia e da sociedade" em Portugal.
O trabalho estatístico em que Maria João Guia baseou o seu estudo foram sobretudo dados sobre reclusos estrangeiros, em 2002 e 2005, facultados pela Direcção-Geral de Serviços Prisionais. "Concluiu-se que os imigrantes, em geral, não cometem hoje mais crimes do que antes", refere na contracapa da sua tese, que a autora e a Livraria Almedina apresentam hoje, em Coimbra, na loja da editora no Estádio Municipal.
No seu trabalho, Maria João Guia procura "desmistificar o preconceito de que todo o imigrante é criminoso". "Através da análise de diversas variáveis, tais como nacionalidade, sexo, idade, habilitações literárias, pena e crime, foi possível constituir uma tipologia de quatro grupos de imigrantes, cujas condenações por tipos de crime e outras variáveis se aproximavam", explica.
Segundo a autora, "este livro é uma tentativa de repor verdades e de analisar com o rigor possível as realidades da imigração e da criminalidade", salienta. Na sua opinião, o assunto deverá ser, pelo contrário, "encarado em diferentes perspectivas, visto integrar-se numa realidade social em constante mutação".
Maria João Guia realça, por outro lado, que os processos de globalização "estão a fomentar grandes movimentos migratórios" e que "muitos países de acolhimento não estão preparados para receber um número elevado de imigrantes". Esses países "enfrentam problemas sociais graves, nomeadamente o aparecimento de novos tipos de crime".
"Aparentemente" - afirma -, "crimes como o auxílio à imigração ilegal, o tráfico de seres humanos, a angariação de mão-de-obra ilegal, o lenocínio, a extorsão e a falsificação de documentos estão a aumentar". Tais crimes proporcionam "elevados lucros" e são "frequentemente atribuídos aos imigrantes". "No entanto, são os imigrantes que constituem a maioria das vítimas dos mesmos", conclui a investigadora do CES.
Quando se verifica um aumento da imigração, "vem o bom e o mau", declarou, admitindo que alguma da criminalidade trazida para Portugal por estrangeiros "já exista antes" nos países de origem. "Se se verificou a entrada de um grande número de estrangeiros em Portugal nos últimos anos, naturalmente houve um aumento do número de reclusos estrangeiros", sublinha Maria João Guia nas conclusões.
Estão ainda agendadas sessões de lançamento da obra em Lisboa, no dia 24 de Novembro, na Livraria Almedina Atrium Saldanha, e no Porto, em 03 de Dezembro, na Livraria Almedina Arrábida.

Fonte: http://noticias.pt.msn.com/article.aspx?cp-documentid=11097707

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