domingo, 29 de novembro de 2009

Espanha aprova reforma da lei de imigração que amplia período de detenção de ilegais

Espanha aprova reforma da lei de imigração que amplia período de detenção de ilegais

MADRI - O Congresso espanhol aprovou, nesta quinta-feira, uma nova reforma da lei de imigração, que torna mais rigorosos alguns critérios para o reagrupamento familiar e amplia de 40 para 60 dias o período de detenção de estrangeiros em situação irregular no país. Mas a lei também amplia alguns direitos dos ilegais. Ela permite, por exemplo, que assistentes sociais e ONG visitem os centros de detenção para prestar auxílio aos imigrantes ilegais presos. O texto, que entrará em vigor dentro de alguns dias, voltou à Câmara depois de passar pelo Senado e foi aprovado por uma pequena margem de votos: 180 a favor, 163 contra e três abstenções.
" É um retrocesso para os direitos humanos. É inaceitável "
Para frear a entrada de pessoas em idade produtiva no país, a nova lei limita o reagrupamento familiar apenas a ascendentes (pais e avós) que tiverem mais de 65 anos. Além disso, só podem solicitar o reagrupamento os estrangeiros que residam legalmente no país há pelo menos cinco anos - e não um, como acontece hoje.
O governo socialista, que propôs a nova alteração na lei (a quarta em dez anos), diz que as mudanças são necessárias em função da realidade econômica e social que o país atravessa. Segundo as autoridades, é imprescindível adaptar as leis imigratórias às necessidades do mercado de trabalho. Atualmente, na Espanha, existem cerca de 4,5 milhões de imigrantes residentes, que equivalem a 12% da população. Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, a taxa de desemprego no país atingiu 17,9%, o mais elevado na União Europeia. Entre os estrangeiros, o problema é ainda maior: 27,5% estão sem trabalho.
No capítulo sobre o alargamento dos direitos dos imigrantes, o Congresso introduziu uma alteração importante solicitada por organizações sociais, permitindo que as administrações públicas e ONGs assumam o cuidado de filhos de imigrantes que vêm para a Espanha desacompanhados. Além disso, cônjuges e filhos de mais de 16 anos dos imigrantes reagrupados ganham, automaticamente, uma autorização de trabalho, um benefício que não existia.
A nova lei também concede autorizações de trabalho, pelo menos temporárias, a mulheres em situação irregular que tenham sido vítimas de violência de gênero.
Apesar dos novos direitos adquiridos, dezenas de imigrantes, vestidos com macacões laranja simulando o uniforme dos detidos de Guantánamo, se reuniram em frente à porta da Câmara dos Deputados com faixas e cartazes onde se lia: ''Não ao racismo'' e "Direito a ter direitos''. Junto a eles, representantes de mais de 50 ONGs expressavam sua rejeição à lei que estava sendo aprovada, e que foi descrita por eles como "desumana". Gabriela Morales, do SOS Racismo Madri, foi muito crítica em relação à detenção de pessoas sem documentos e observou que a lei defendida pelo governo criminaliza as pessoas:
- É um retrocesso para os direitos humanos. É inaceitável - disse.
Os líderes dos grupos de imigrantes disseram que vão continuar lutando para fazer ouvir a sua voz contra a lei.
Todos os anos, milhares de pessoas arriscam suas vidas na tentativa de chegar à costa espanhola através do Estreito de Gibraltar, que separa a Europa da África, em busca de melhores condições de vida. Dezenas morrem na tentativa.

Fonte http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/11/26/espanha-aprova-reforma-da-lei-de-imigracao-que-amplia-periodo-de-detencao-de-ilegais-914946179.asp

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